terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Grupo Milad

Registrar um pouco da história do Milad não é uma tarefa fácil, afinal, foram 18 anos de intenso trabalho pelo Brasil.

A idealização inicial do ministério foi de Nelson Pinto Jr (sempre chamado de Nelsão) que integrou o grupo de missionários de Vencedores Por Cristo em 1979. Sua primeira missão foi, junto com Dimas Pezzato, liderar e treinar a 30ª equipe que viajou por 58 dias diretos de São Paulo a Manaus, passando por quase todas as capitais. Deus trouxe através da vida do Nelsão, um despertamento especial pelo povo do Norte e Nordeste, região onde a maioria das equipes que treinou passou.


Entre as equipes treinadas, a 41ª de 1984, era formada por um grupo diferente das outras equipes. Além do Nelsão, tinha a Susie Duarte Costa como missionários de VPC, teve o Wesley e Marlene, um casal vindo de Goiânia e outros componentes (Sergio Ribeiro e Lílian, Marinho, Rubenita, Roberto Barros, Amilton Berescki e José Roberto Prado) que já vinham com uma experiência em VPC e outros grupos musicais evangélicos da época. Um dos assuntos durante a viagem, era a possibilidade do músico cristão viver exclusivamente da música cristã.

Após o encerramento da turnê de treinamento, o grupo continuou trabalhando e discutindo o assunto. Da equipe original, alguns saíram e outros foram chegando e a idéia de ter um grupo de tempo integral que pudesse levar às igrejas do Brasil um conceito mais bíblico e prático do louvor e adoração, foi amadurecendo e ao final de 1984 foi lançado o desafio ao grupo de criar um ministério específico para servir a Deus através das artes cristãs.

Para muitos pareceu uma loucura, pois em uma época onde apenas os pastores de uma Igreja local tinham, e com dificuldades, salários fixos, sobreviver simplesmente de ofertas era quase impossível, ainda mais das artes cristãs.

Assim, em janeiro de 1985 nasceu o MILAD – Ministério de Louvor e Adoração, fruto de uma visão que Deus concedeu com foco no ministério de evangelizar e edificar através das “artes cristãs”.


O MILAD começou formando o grupo musical chamado “ Àgua Viva”. Músicos cristãos profissionais, com dedicação integral, para atender as inúmeras oportunidades de trabalho entre adultos, jovens, adolescentes e crianças, realizando apresentações musicais evangelísticas e de ministração didática sobre Louvor e Adoração.

Nelsão, Nila Munguba, Wesley Vasques, Marlene Vasques, José Roberto Prado, Valdívia Prado, João Alexandre Silveira, Cid Caldas, Roberto Barros ( Beto), Abraham Gomes Gamboa, Toninho Zemmuner , Fernando e Eversom, integraram a primeira formação em 1985.

Do início até o fim do ministério, por onde passou, a grande dificuldade sempre foi conceituar a possibilidade bíblica do músico e do artista cristão, poder viver e receber dignamente pelo trabalho que ele estava realizando.


Viajar por todo o país initerruptamente, deixando família, interesses pessoais, conforto e sonhos de futuro promissor foi e ainda é loucura para muitos.

Inicialmente as viagens aconteceram numa boa e velha Veraneio , com um super bagageiro e carretinha, iam apertados 6 pessoas e mais uma boa quantidade de equipamentos, parte emprestada, parte ganha, parte comprada, pois as igrejas na época mal tinham um sistema de som para atender suas próprias necessidades ainda mais de um grupo com bateria, violão, baixo, piano Suette, dois saxofones, percussão e vocais. Numa época em que a importação era proibida, cantar usando um microfone Shure SM 58 era algo raro. O restante do grupo ia de ônibus ou quando possível, conseguia mais um carro para levar a turma. Mas esse aperto durou pouco tempo, pois com a ajuda de alguns irmãos e a Veraneio dada como entrada, foi possível comprar o primeiro ônibus, um Mercedes Benz 1968 Rodoviário.

Aos poucos, o ônibus foi adaptado com, beliches, mesas que viravam camas, espaço para som, iluminação e bagagem. As viagens ficaram mais baratas e rápidas, pois enquanto alguns dormiam outros (com o amparo de anjos) iam revezando na direção do ônibus.


Em 1985 aconteceu a primeira de duas viagens missionárias evangelísticas marcantes que o grupo realizou em Serra Pelada no Pará. Com a coordenação do irmão Aristóteles Sakai de Freitas, o Totinho, a ajuda de alguns irmãos que viviam no garimpo e igrejas da cidade de Imperatriz no Maranhão, possibilitaram a realização da Cruzada Evangelística com o tema “ Jesus Mais Precioso Que o Ouro”.

Cerca de 40 mil garimpeiros ouviram falar do evangelho de Jesus naquela noite. Logo após a ministração dessa verdade, fizeram o apelo e aproximadamente 5 mil pessoas se dirigiram para o campo de aviação atrás do palco, e então aceitaram a Jesus como Salvador de suas vidas. Isto foi um motivo de muita alegria para todos. Milhares de exemplares do evangelho de João, com o tema da campanha, foram doados pela Sociedade Bíblica do Brasil e distribuídos a quase todos que estavam lá.


Essa viagem foi a inspiração para as músicas “Coração de Garimpeiro”, “Dentro do Peito” (para caminhoneiros) e “Esquina Cruéis, focada nas meninas, moças e mulheres que viviam no “Quilômetro 30”, um vilarejo perto de Serra Pelada aonde a prostituição era a “mercadoria” mais procurada pelos garimpeiros.

Em 1986 o grupo voltou para o mesmo local para um novo desafio evangelístico.

Integraram ao grupo nesse projeto a Tirza, esposa do João Alexandre, Luís, novo baterista, Paulo Munguba, na iluminação e Robertinho, fazendo dupla com o Beto na percussão.

O Milad, além de todo o projeto ministerial, introduziu em suas apresentações alguns itens para aprimorar a comunicação: iluminação e som de boa qualidade. Boa qualidade de som naquela época representava caixas grandes e pesadas que o próprio grupo tinha que descarregar, montar, desmontar e carregar a cada apresentação.

Em 1987, com tantos compromissos e muitas oportunidades de trabalho, o Milad iniciou o processo de montar um segundo grupo formado por músicos do norte e nordeste para atender a essa região. Deus foi enviando os músicos, outro ônibus, equipamentos e as viagens. Outro grupo, além de dobrar as possibilidades de trabalho, dobrava também as possibilidades de problemas.

Em um ministério caracterizado pela sensibilidade artística, era previsível que a expressão corporal e o teatro fossem incorporados ao leque de alternativas de evangelização.

Formou-se então, o Grupo Criação, uma espécie de companhia teatral e Dança Terra, grupo de coreografia que acompanhavam o grupo “Água Viva “, mas como os dois grupos de música, não foi possível ao Teatro e Dança, viver integralmente no ministério .


O Milad também foi responsável pela organização de uma série de retiros chamados “A Criatividade no Reino de Deus”, que disseminou em várias cidades do país o conceito de usar toda manifestação artística como forma de comunicação do Evangelho. Era impressionante ver, no mesmo lugar, tanta gente com o desejo de servir a Deus com os dons e talentos que Deus havia concedido a eles.

Talento sempre foi importante, mas não o único requisito necessário para ser um missionário do Ministério de Louvor e Adoração. Das dezenas de pessoas que integraram o Milad, quase todas tiveram que colocar frequentemente em prática pelo menos duas outras virtudes: a renúncia e a paciência. Dificuldades como deficiência de infra-estrutura nas cidades visitadas, do próprio ministério, a distância de casa e o convívio de tantos temperamentos diferentes, emprestavam ao grupo ares típicos de uma família itinerante. Aventura, saudade, tensão, saia justa, perdão, amizade – cada viagem tinha um pouco de tudo.

 Nelsão conta que, enquanto foi novidade, a rotina de viagens constantes era encarada com muita disposição, “depois de muita estrada e canseira, o grupo sentia o desgaste”. Nas cidades visitadas não foram poucas as surpresas reservadas para os músicos, geralmente encaradas com bom humor. “Nos acostumamos, com o passar do tempo, a enfrentar qualquer tipo de circunstância” conta João Alexandre, “teve uma ocasião que um irmão que recebeu um casal do grupo para hospedar, colocou um lençol no chão para dormirem, justificando que, como missionários estavam acostumados. Isto com quatro ou cinco camas vazias em casa.”

Passar semanas longe do lar, compartilhando tempo e espaço com pessoas tão diferentes – mesmo irmãos na fé – era uma tarefa difícil. Divergências também faziam parte do dia a dia do Milad. Afinal, se Pedro e Paulo também tiveram suas discussões, não chega a ser surpreendente que um grupo tão grande de missionários também tenham suas rusgas. “O convívio era um desafio constante” conta Nelsão. “ Chegamos a passar 30, 40 dias viajando. Eram pessoas com gostos e temperamentos diferentes. Dá para imaginar quantas coisas tinham que ser acertadas para nos sentirmos bem uns com os outros e ministrarmos a adoração”.


João Alexandre reconhece que nem sempre as diferenças eram resolvidas com a rapidez que se esperava, “havia momentos de convivência pacífica e tremendas discussões, de vez em quando, eram mais críticas que elogios, outras vezes, perdão sincero”.

O que mais impressionou ao Wesley, é o fato de nenhum ressentimento ter sobrevivido.”Uma discussão podia surgir, por exemplo, na hora do ensaio. Fazíamos reuniões de oração regulares, e muitas divergências eram resolvidas por ali. Graças a Deus, nunca houve uma “briga” sem reconciliação”.

Foram verdadeiros pioneiros no exercício do “chamado em tempo integral” em um tempo que pouca visão para sustento existia. Mesmo tendo participado de vários eventos no Brasil e no exterior, muitos de grande porte, como o Geração 90, COMIBAM e uma turnê aos Estados Unidos, o grupo tinha que caminhar na linha estreita traçada pelo orçamento, definido pelo volume de ofertas e das vendas de discos.

O Segundo Grupo Água Viva, assim como os grupos Criação e Dança Terra, não resistiu por muito tempo. “O mais complicado era arranjar o sustento financeiro para todas as pessoas”. Patrocínio, a palavra mágica que faz brilhar os olhos dos idealistas, mas provoca calafrios nos empresários, era muito difícil de ser captado. A solução foi enxugar. Exatamente por isto, a agenda ficou bem mais restrita, o que chegou a dar a impressão de que o Milad havia acabado. Uma difícil tarefa foi transformar a visão de muitas igrejas onde, a maioria delas buscam ser abençoadas com o talento e o trabalho dos músicos que se convertem, mas sem se mobilizar no sentido inverso, sustentando suas vidas e famílias. Mas, mesmo com toda a dificuldade, houve muitas mudanças na Igreja Brasileira nesse sentido.


Em 1990, período que o custo de vida era alto e sempre crescente, morar em São Paulo era complicado e como grande parte dos trabalhos era para o Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sudeste, o MILAD transferiu tudo e todos para Goiânia, logisticamente seria mais produtivo.

O Nelsão mudou com a família para os EUA em 1991 a fim de realizar uma ponte entre o MILAD do Brasil e a necessidade que as comunidades brasileiras instaladas nos EUA tinham, e um grupo como o MILAD contribuiria para o crescimento espiritual deles na área do Louvor e Adoração. Depois de alguns anos tentando isso, tiveram que mudar o foco e mudar os planos extinguindo esse braço do MILAD naquele país.

Sempre com o objetivo de estar a serviço da igreja e não ser uma igreja, o MILAD continuou atuando até 2003, quando diante de tantas dificuldades, Wesley e Marlene que estavam a frente do ministério, aceitaram o convite da Rádio Transmundial para serem seus divulgadores e atuam como dupla cantando pelo Brasil, encerrando assim as atividades do MILAD.

Com certeza gostaríamos que o MILAD tivesse deslanchado como tantos ministérios na área do louvor que surgiram depois. É possível pensar que o MILAD participou nos anos 80, junto com outros ministérios, como desbravadores de um caminho duro que facilitou para os que vieram atrás.


Para os integrantes que passaram pelo MILAD, o ministério foi uma escola e também uma confirmação que Deus queria muito deles servindo ao Reino de várias formas, seja na música, nas artes, em missões, pastoreando, atuando em organizações sociais, etc

O MILAD ou ter feito parte do MILAD, foi necessário pagar um preço alto, mas nenhum preço foi mais alto que o preço que Jesus pagou pela nossa salvação, por isso, ontem, hoje e sempre, os ministérios de Louvor e Adoração querem servir ao Senhor com o dom e talento que Deus concedeu a tantos artistas cristãos.

Abaixo a discografia do Milad marcada pela brasilidade na suas letras ritmos e melodias, algo que poucos se arriscaram a fazer.

Àgua Viva – Outono de 1985

Milad 1 – Outono de 1986

Retratos de Vida – Outono /inverno 1987

Milad 2 – Outono de 1990

Pra cima Brasil – Verão de 1990

Milad 3 – Verão de 1995

Recomeçar (Wesley e Marlene) - 1998

Coletânea Milad 1, 2 e 3 - 2005


Coletânea Água Viva, Retratos de Vida e Pra Cima Brasil - 2005


Integrantes que participaram do Ministério do Milad.


Abraão Gamboa – sax

Cid Caldas – teclados

Fernado – bateria

João Alexandre Silveira – vocal e violão

José Roberto Prado – sax e vocal

Valdivia Prado - vocal

Nelson Pinto Jr - vocal

Nila Munguba Pinto - vocal

Roberto Candido Barros - percussão

Toninho Zemmuner – baixo e vocal

Eversom – sonoplasta

Wesley Vasques - vocal

Marlene Vasques - vocal

Luiz – bateria

Tirza – vocal

Marinaldo – Som

Alberto – flauta

Cássia – vocal

Coracy – vocal

Eliã Ambrósio– vocal

Isaías – baixo

Marilson – guitarra

Ney – teclados

Valmir – bateria

Valvir Soares – vocal





Décio – guitarra

Guilherme – bateria

Hélio –

John Wayne - baixo

Olemir - guitarra

Martha - teclados



Extraído do site: http://www.vpc.com.br/website/exibe_txt.asp?conteudo_txt=132&tit=memorias

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